Mary Terezinha, cantora e acordeonista morta aos 79 anos, quebrou barreiras como instrumentista na música gaúcha
Mary Terezinha (1946 – 2025) morre aos 79 anos em Porto Alegre (RS) Divulgação ♫ OBITUÁRIO ♬ A notícia da morte da cantora, compositora e acordeonista...

Mary Terezinha (1946 – 2025) morre aos 79 anos em Porto Alegre (RS) Divulgação ♫ OBITUÁRIO ♬ A notícia da morte da cantora, compositora e acordeonista gaúcha Mary Terezinha – ocorrida no início da tarde de ontem, em Porto Alegre (RS) – joga luz sobre o legado pioneiro da artista que partiu aos 79 anos. No universo historicamente masculino da música regional gaúcha, Mari Terezinha Cabral Brum (30 de março de 1946 – 30 de junho de 2025) se impôs como cantora, compositora e sobretudo como instrumentista. A artista se notabilizou pelo toque do acordeom, instrumento chamado de gaita no universo musical gaúcho. Se ainda hoje, em 2025, são poucas as mulheres que ganham reconhecimento como instrumentista, na comparação com a quantidade de homens consagrados pela habilidade de tocar um instrumento, uma mulher musicista era figura rara no sul do Brasil nos anos 1960, década em que Mary Terezinha pôs os pés na profissão. A “menina da gaita”, como Mary era conhecida pelo Rio Grande do Sul, firmou parceria na música e na vida com Vitor Mateus Teixeira (3 de março de 1927 – 4 de dezembro de 1985), o Teixeirinha, cantor e compositor gaúcho que vendeu milhões de discos ao longo dos anos 1960 e 1970 com repertório de tom sentimental que extrapolou as fronteiras do sul. Nascida em Tupanciretã (RS), município do interior gaúcho, Mary Terezinha cruzou os Pampas como companheira de Teixerinha por 24 anos. Iniciada em 1960, a união afetiva e musical dos artistas foi encerrada em 1984, por iniciativa de Mary, legando discos, filmes – como o blockbuster Coração de luto (1967) e A filha de Iemanjá (1981), cuja trilha sonora foi gravada pela dupla e editada em LP – e filhos. Contudo, antes mesmo da separação, a cantora desenvolveu carreira solo, iniciada em 1966 com o álbum Valsa das rosas. A esse disco, seguiram-se álbuns como Pregador de bolinha (1966), A volta da banda (1967) e Mary Terezinha (1973). A partir do álbum editado em 1978 e também intitulado Mary Terezinha, o acordeom começou a aparecer nas capas do discos da artista. Mary Terezinha gravou e lançou álbuns com regularidade até o fim dos anos 1980. Na década de 1990, já com menor visibilidade no universo musical sulista, a artista lançou autobiografia, A gaita nua (1992), e se converteu à religião evangélica em 1997, espelhando a devoção cristã já nos títulos de álbuns como Serva de Deus (2005) e A serviço do Rei (2013). Por ter sido também instrumentista, desafiando a tradição musical que reservava a mulher somente o papel de cantora, Mary Terezinha deixa legado pioneiro ao sair de cena aos 79 anos em Porto Alegre (RS), capital do estado onde viveu dias de glória.